segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pós-moderno e Pré-humano

      Entende-se por Globalização a interdependência entre países e pessoas do mundo, abrangendo os aspectos econômicos, políticos e culturais. O processo de globalização não é recente, mas ganhou muito mais força após a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Rompia-se assim a última grande barreira para a disseminação do pensamento único e do individualismo. O capitalismo saiu vitorioso da disputa da Guerra Fria e a globalização passou a ser defendida como a grande saída para os problemas do mundo.  Acreditava-se que o desenvolvimento seria homogeneizado, porém, o que se viu foi o aprofundamento das diferenças, principalmente econômicas e sociais. Parece ser mais um daqueles casos, onde o excesso de remédio mata o paciente.
      A globalização é uma realidade inevitável e indiscutível, o grande problema é o exagero em ressaltar os pontos positivos e a ingenuidade (talvez proposital) em não perceber as mazelas que esse mesmo processo provoca. Os grandes meios de comunicação exaltam o evidente progresso das ciências e das técnicas, mas tentam e conseguem ofuscar a multiplicação da pobreza e da miséria como conseqüência direta da globalização feita de cima para baixo. Esse processo é “imposto” pelos países desenvolvidos aos periféricos, que por diversas razões não conseguem usufruir das benesses desse processo. Percebe-se então que a globalização parece ser uma nova etapa de dominação, o que justifica o termo globocolonização, utilizado por Frei Betto, para designar a mundialização da ideologia e do comportamento.
     Os defensores de uma sociedade globalizada expõem as conquistas tecnológicas, as facilidades do mundo moderno e as transmissões instantâneas de notícias como sendo universais. Tentam passar a idéia de um mundo melhor, mas camuflam a informação do essencial, que é justamente a incapacidade da globalização em verdadeiramente incluir todos de forma igualitária. O que vemos então é uma inserção precária da maior parte da população do planeta nesse mundo “modernizado”. É a chamada indústria da manipulação de consciências.
     Os números reais da globalização não são tão animadores, segundo a UNICEF as crianças africanas consomem menos proteínas que os gatos e cachorros estadunidenses, o pão nosso de cada dia está cada vez mais difícil, aproximadamente 1 bilhão de pessoas passam fome em um mundo que produz alimentos em excesso, o consumismo é impulsionado, mas as pessoas não tem salários para consumir, fala-se  muito em paz, mas o que dá lucro é a venda de armas. A Globalização produz contradições em escala industrial, mas como disse Noam Chomsky, “a mídia é inimiga da democracia”, pois inibe o debate e consolida o consenso.         
     O geógrafo Milton Santos utilizou o termo “Globalitarismo” para mencionar a relação entre o capitalismo globalizado e o totalitarismo ideológico. O pensamento neoliberal passou a ser a bíblia dos capitalistas e o dinheiro se transformou no Deus dessa religião. Talvez os acontecimentos recentes possam redesenhar essa trajetória, o mundo passa atualmente por múltiplas crises, destacando-se a econômica, a social, a ambiental e a energética, resta saber se essas crises poderão ocasionar mudanças significativas capazes de tornar o mundo menos desigual e mais humano. Seguindo a lógica capitalista, dificilmente isso ocorrerá, a globalização é perfeita para quem consegue acompanhá-la, para quem herda a parte benéfica dela, porém cada vez mais os beneficiados correspondem a uma parcela percentualmente insignificante da sociedade, mas que possuem o poder de influenciar a interpretação do mundo por parte da maioria. Verifica-se a globalização da pobreza, da violência, da fome e até mesmo da doença (como foi o caso da gripe suína).
     A elite enfatiza as vantagens, esconde os problemas e aliena a população, carente de senso crítico e de informações verdadeiras. Esse procedimento é compreensível, pois essa elite possui um estilo de vida confortável e uma visibilidade social sedutora. É normal que a manutenção desse modelo seja a principal meta desse grupo. Como essa elite “coincidentemente” controla os meios de comunicação fica fácil impor um pensamento dominante.
      Dessa forma, resta ao cidadão comum, desprovido de pensamentos próprios, assimilar o que a classe dominante reproduz. Aí me lembro de uma frase tucana de um ex-presidente brasileiro, “A Globalização é o novo Renascimento da humanidade”.
Aham, então tá!

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