terça-feira, 20 de setembro de 2011

Amém


Por Jackson Lessa                         

Em 11 de Setembro de 2001 os símbolos da hegemonia militar (Pentágono) e financeira (World Trade Center) dos Estados Unidos foram atingidos. Esse acontecimento de difícil interpretação passou a ser considerado o maior ataque terrorista da história. Mas o que é terrorismo?
A definição de terrorismo não é uma tarefa simples, pois as conceituações muito estreitas se revelam inúteis diante de casos específicos e as muito amplas podem considerar diversos grupos como terroristas, incluindo até mesmo movimentos sociais.
A própria legislação dos Estados Unidos provoca uma situação embaraçosa quando tenta definir terrorismo, pois as conclusões podem ser legitimamente interpretadas contra os Estados Unidos. No titulo 18, Seção 2331 da legislação estadunidense, o termo terrorismo internacional abrange as atividades que “aparecem como voltadas para afetar a conduta de um governo pela destruição em massa, assassinato ou seqüestro”. A partir dessa visão, os serviços secretos dos Estados Unidos e diversos outros países praticam atos terroristas, que poderiam ser considerados como Terrorismo de Estado.
Segundo um relatório da ONU de 2005, terrorismo é qualquer ação “designada para causar morte ou sérios ferimentos a civis e não-combatentes com o propósito de intimidar uma população ou compelir um governo ou organização a fazer ou deixar de fazer algo”. Essa definição restringe o terrorismo a atos de violência politicamente motivados e exclui ataques contra forças combatentes. Segundo Demétrio Magnoli (doutor em Geografia Humana pela USP) a linguagem da ONU não deve ser confundida com a empregada pelos EUA na “guerra ao terror”, que descreve indiscriminadamente como atos de terror os atentados contra seus militares, engajados diretamente em combates ou em atividades de suporte dos combatentes, em lugares como o Iraque ou o Afeganistão.
A prática do terrorismo tem uma longa história. Para não voltarmos muito no tempo podemos citar que o estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato, em 1914, do arquiduque Francisco Ferdinando por um estudante sérvio, membro do grupo Mão Negra. Mas, até o início do século XX, o terrorismo era algo muito localizado, com pequenas dimensões e até mesmo restrito.
Ele passou a apresentar maior força com a expansão dos regimes totalitários de Josef Stálin e Adolf Hitler, já no final da década de 1920. O terror ganhou uma nova dimensão com o totalitarismo, pois a estrutura do Estado passou a ser colocada a serviço de ideologias que objetivavam a eliminação total dos adversários.
Independentemente de uma definição perfeccionista, a principal característica do terrorismo é a destruição da vida humana em nome de certos princípios ideológicos, religiosos ou políticos. Nesse sentido, podemos afirmar que no século XX o ápice do terrorismo foi durante a Guerra Fria, já que funcionava através de um equilíbrio baseado na capacidade de destruição mutua. Para José Arbex Júnior (Doutor em História Social) na Guerra Fria o próprio Estado tornou-se instrumento do terror. O antigo regime de apharteid na África do Sul era o terrorismo de Estado organizado pela minoria branca contra a maioria negra do país. Os regimes ditatoriais da América Latina provocaram, nos anos 1960 e 1970, com o auxílio dos Estados Unidos, o terrorismo de Estado contra seus opositores, torturando e matando milhares de pessoas. O ataque nuclear a Hiroshima e Nagazaki foi o maior atentado terrorista já praticado por um Estado contra a população civil de outro.
E o 11 de Setembro? 
Foi um ataque terrorista covarde e abominável, aproximadamente 3000 pessoas morreram. Uma cena que nem os criativos cineastas hollywoodianos tinham imaginado, tão impressionante que parecia irreal. Os Estados Unidos estavam sendo atacados em seu próprio território, de forma indefensável e o que é pior, sem entender direito o que acontecia!
Era o século XXI batendo à porta e avisando, “as coisas estão mudando” e nem mesmo a policia do mundo (Os EUA sempre se comportaram como tal) está livre de punições. Que paradoxo, a partir desse evento, o maior beneficiário da prática do terrorismo passava a posar cinicamente como vítima e seu presidente George W. (Walker, mas, poderia ser WAR) Bush começava a falar em uma luta do Bem contra o Mal. Os EUA passou a ter uma espécie de cheque em branco ilimitado para utilizar todos os recursos necessários para combater o terrorismo. Para fazer justiça a sua origem, o país foi a Guerra, fato aceitável até certo limite, pois quando fica evidente que o objetivo não é apenas o combate ao terrorismo as coisas começam a complicar.
O Afeganistão possui uma localização estratégica, pois é a região de passagem entre o Oriente Médio e a Ásia Central e essas áreas apresentam as maiores reservas de petróleo do planeta, situadas em um local hostil aos Estados Unidos. As ações terroristas davam ao país um pretexto ideal para uma militarização na região. Noam Chomsky (Deterring Democracy, 1991) indica que desde 1928 os Estados Unidos tentam controlar o Golfo e seus arredores, tendo em vista o manancial petrolífero e demais riquezas. 
Os norte-americanos iniciaram a sua prática, malsucedida, de criar lideranças armadas que no início a eles se submetem e depois rejeitam as suas regras. Esse processo gerou Saddam Hussein e outros, chegando a Bin Laden. 
A arrogância imperialista estadunidense começou a arruinar o prestígio da ONU, principalmente do Conselho de Segurança, a certeza de uma guerra teoricamente rápida e lucrativa impulsionava o país a agir unilateralmente, na prática o conflito tornou-se desastroso em todos os níveis: político, econômico, social e principalmente moral. Os Estados Unidos tiveram que se endividar para guerrear e as conseqüências negativas se multiplicam, sendo o estopim a crise econômica atual, que ninguém é capaz de prever como será o final. Nesse mês (Setembro de 2011) os meios de comunicação não cansam de mostrar as cenas dos ataques ao World Trade Center em 2001, mas parecem esquecer que os conflitos ainda estão acontecendo tanto no Afeganistão quanto no Iraque. 
       O que o mundo espera é que dessa vez os Estados Unidos perceba que o uso da força para as questões diplomáticas está ultrapassado e que como diz a música da banda Engenheiros do Hawaii “Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”. 
Nesses conflitos os norte-americanos se colocaram como o Bem contra o mal e a certeza que fica é que eles vem promovendo o inferno em nome de Deus.

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